domingo, 31 de outubro de 2010

Mundo Onírico - parte 3




Uma sequência de desafios e obstáculos, mas eu continuo seguindo-a. Armado com um bambú e um escudo de madeira. Vou atravessando essa imensa floresta onde á qualquer minuto posso ser atingido pelas costas ou pisar em armadilhas camufladas que procuram me manter aqui por mais tempo, sem contar, também, as féras que me rodeiam afim de carne fresca.

Ela encontra-se no centro desse reino vegetal. O ar úmido que respiro indica que tem chovido recentemente por aqui. As folhas caídas e misturadas com a grama fina que mantém o sólo pastoso com uma coloração cinza, vai deixando minhas marcas, para que qualquer predador que queira me rastrear possa fazê-lo facilmente. A claridade é baixa devido ao tamanho dos galhos recheados que ultrapassam cerca de quatro métros a minha altura e que tampam a luz do sol.

Caminho em direção á um pilar luminoso que atinge o céu, que enxergo com dificuldade entre os buracos do této florestal.

Ouço rúgidos e começo a procurar o local de onde estão vindo. Um silêncio, após, me deixa em estado de alerta; meus olhos buscam qualquer sinal de movimento por perto, meus ouvidos aguçam e o canto-das-cigarras vai aumentando e me deixando, cada vez, mais apavorado a ponto de um pequeno estalar de gálhos á traz de mim me fazer atacar o chão partindo o bambú ao meio.

Meu coração dispara. Já não era uma boa arma, agora não passa de um simples pedaço que não chega a um metro. Suspiro. Era uma raposa, e com o movimento que eu fiz se assustou e foi embora.

Retómo novamento o trájeto. Dessa vez vou correndo, quero chegar lá o mais depressa possível. Vou desviando dos troncos que nascem em lugares aleatórios fazendo com que eu mude de direção constantemente, jogando meu braço com escudo na frente para impedir que os gálhos batam em meu rosto e para abrir caminho.

            Chego em uma parte onde um uma sequência de árvores lineares formam um  corredor que dá direto no pilar.

            - Lá está ela, a espada com meu nome!

            No fim do corredor uma sombra aparece. Não enxergo direito porque o sol esta ofuscando a imagem. Mas sei de quem se trata. Eu.

            - Não era para você já estar aqui -  ele diz, totalmente sereno. Assim como o ambiente em envolta do pilar: um bósque com flores copo-de-leite e arbustos que parecem terem sido cortados por um jardineiro, já que formava um círculo exatamente em volta da luz.

- Como não? Eu mereço ela, depois de tudo que já passei. Quero embanha-la, segurá-la com meus próprios punhos, dilacerar o vento, derrotar os meus adversários, estende-la ao alto e ser o seu guia, assim como ela, será o meu.  – disse chorando, uma emoção profunda de desapontamento me abateu.

- E você parou para pensar se ela te merece, jovenzinho?

- Não, isso nem se quer passou pela minha cabeça, o sábio aqui é você. - secei as lágrimas.

- E eu sou você. – ele replicou.

- E você pode pegá-la. Então eu deveria ter o mesmo direito. – falei com os olhos ligeiramente abaixados.

- Assim que souber tanto quanto eu.

- E dessa vez qual é a desculpa?

- Não há desculpas. E você mesmo já deve saber, só não quer admitir.

- Não devia ter corrido, minha pressa em quere-la logo foi o erro.

- Exatamente, viu como você já sabia?

- Pois é. – sorri.

- Sarcasmo. Interessante, diga-me o que estás te aflingindo?

- O caminho que tracei, não era um atalho, eu não deveria ser púnido por isso.

- Você correu, você por acaso teve noção do que perdeu ao fazer isso?

- Não perdi nada, a paisagem era sempre a mesma.

- Perdeu um companheiro. O rugido que você ouviu não era de um predador, mas de um animal que estava em perigo, e por querer proteger sua vida, seu ego, você esqueceu que outro ser, além de você, podia estar na mesma situação que a sua. Perdeu a beleza dos lugares que passou despercebido e a chance de enfrentar outros desafios no caminho, que permitiriam que você aprende-se a lidar com seus predadores.

- Ah! Eu não tinha mais arma para atacar, não ficaria esperando eles me comerem e eu sem pode fazer nada.

- Você possuía e ainda possuí o escudo. Não há a necessidade de atacar, quando um bom escudo pode te defender de qualquer ameaça externa. Só há essa necessidade quando for para proteger alguém que não possua mais nenhum escudo e nem uma espada. Então seu escudo, por mais fraco que seja, tornára se forte, na medida que você repete isso.

- Bla, bla, bla. E agora o que eu tenho de fazer?

- Simples. Recomeçar do ínicio.

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