Estava no topo de uma montanha, onde havia uma caverna. Quando olhou ao redór acreditava estar no meio do oceano - Viu morros semelhantes aos vulcões e a distância que os separava formava uma espécie de arquipélogo -, mas era neblina. O sol ofuscava um pouco sua visão. Ficara surpreso com a altura e espantado pois nunca havia visto tal lugar. Caminhou em direção à caverna, ouvia barulhos, mas o ambiente era calmo. Quanto mais se aproximava, maior era o volume do barulho. De repente um senhor, de aparência boa, porém, parecia ter mais de 60 anos, saiu da caverna apoiado numa bengála.
- O que o senhor faz aqui? – perguntou o velho.
- Eu realmente não sei, porém, me sinto confortável aqui, como se conhecesse a
anos este lugar. O velho olhou para o céu, começou a caminhar lentamente e continuou o diálogo:
-Não reconhecês? Esta é a sua consciência – O menino se intrigou, sorriu levemente, e perguntou:
- Se essa é minha consciência, porque o senhor está aqui? Quem é você? – o velho levantou a bengála, que agora mais parecia um cajado, e disse:
- Não consegue nem se identificar! Sou você mesmo. Veja o que o tempo lhe causará.
Por um momento ele se assustou, começou a pensar em como se tornaria esta pessoa.
- O que fazes aqui? – perguntou Taylor ao seu eu mais velho.
- Sou a sua essência, seu verdadeiro eu. – Apoiou-se em uma da rochás que ali se encontrava. – Sente-se, jovenzinho.
- Como assim?- Taylor questinou perpléxo.
- Sou seu passado e seu futuro. Também sou sua sombra.
- Você poderia deixar de ser metáfórico e me explicar isso. – disse, meio impaciente.
- Mas é claro! Como um sábio, eu gosto de usar esses termos, apesar de muitos não compreenderem. É bem simples. Sou seu passado porque você já possui uma personalidade desde quando nasceu. Sou seu futuro porque, conforme o tempo passa, você tenta se igualar a mim.
- Mas, se minha personalidade é definida quando eu nasço, por quê você é o futuro ao qual tento me assemelhar? Quero dizer, sempre vou ser igual a você desde o ínicio, certo?
- Não exatamente. As pessoas possuem o livre-arbítrio; sendo crentes ou não, cada uma escolhe o que quer ser ou fazer na vida. Quando se é criança somos facilmente manipulados, então a natureza real vai sendo perdida. O mólde continua o mesmo, mas o preenchimento é misturado. Na adolescência, a mistura ganha tonalidade; e muitas pessoas querem, o quanto antes, mostrar que já estão preparadas/prontas, então o conteúdo se solidifica, tornando-as incapazes de mudar. Uma vez que isso acontece, somente um processo dolorozo é capaz de fazê-la voltar ao liquído. Aqueles que se mantém nesse estado, estão mudando constantemente, mesmo que seja uma variação de ton, pois existe uma gama enórme de cores. O branco é luz e a soma de todas as cores, sendo assim, a essência do preenchimento. Assim como eu sou o seu eu verdadeiro por tráz dessa hegemonia. Futuramente, você tentará ser eu, ou seja, voltará ao branco.
-O que são essas cores?
- Elas representam emoções e sentimentos, da melhor à pior, do equilíbrio ao caos.
- E o preto? E a sombra?
- O preto é ausência de luz, nesse estágio, a pessoa já não possui emoção ou sentimento. Sou sua sombra porque eu ando com você boa parte do tempo, te influencio a ser igual mim, dou conselhos. Alguns chamam isso de intuição.
- Onde está o livre-arbítrio se estou sendo influenciado constamente por você?
- Está na capacidade de ouvir e seguir as minhas idéias. Por isso eu sou uma sombra; quanto maior é a escuridão, mais transparente fico. Quando tudo escurece, eu inexisto. Eis aí o controle da vida total com você, pura e somente razão. Essa razão é governada pelo instinto animal, consequentemente, o homem só passa a viver por prazer e sobrevivência. Pensando somente em si.
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