sábado, 13 de outubro de 2012

Beijo-Escondido


Onde estão? Os pensamentos que já se foram,
Correram, subiram e deslizaram no dourado,
Dos volumosos e desconcertantes fios,
De beleza, de doçura que jamais existiu.

Onde estão? Os pensamentos que já se foram,
Cansaram de procurar explicação no que viu,
Se entregaram sem relutância, que crianças!
Perderam-se no caminho de seus cílios.

Onde estão? Os pensamentos que já se foram,
Invadiram a cratera dos mais sigilosos sonhos,
De castanhos, verdes e azuis territórios,
Que se encontram em seus adoráveis olhos.

Onde estão? Os pensamentos que já se foram,
Atravessaram as curvas macias da região,
Vagando pelas brancas terras que lhe da vida,
Saltando as fronteiras de uma suave respiração.

Onde estão? Os pensamentos que já se foram,
Viajaram pelas sombras do vale da graça,
Até encontrarem o indício de um sorriso,
De uma rosa que desabrocha sobre uma cova,
Símbolos sem jeitos, para identificar algo tão bonito,
De profundidade indizível, onde a escuridão,
Torna-se guia da enorme imensidão,
Daquele que guarda, na pele sensível,
Os beijos de um dia frio e sozinho.

Onde estão? Não vejo nada nessa fenda,
As ideias partiram e na tentativa frustada de encontrá-los,
Caí neste pequenino, insignificante e maravilho buraco,
De encontros e despedidas, de lágrimas partidas.
Uma gota da alma, preenche o poço sem fundo,
Sem fundo de beleza, sem fundo do que dizer,
Estou no escuro - talvez, seja essa a tradução.
Um escuro que brilha em formas curvilíneas.
De expressões, de glamour, de doçuras,
De notas sopradas, letras pronunciadas.
Invejo o ar, o vento, que acaricia esse desalento,
 Em que me encontro, é pura fantasia do ar da graça,
Mero enfeite - este em que me perdi - na pessoa amada,
Enquanto me afundo, mais e mais, em sua taça,
Na taça de pele, de vidro; de vidro e de pele cristalina.
Cristalino - característica do brilho, de uma taça, na escuridão.
Cheia de vinho branco, de ar, imensidão.
Onde bebo, compulsivamente, dessa fonte de inspiração,
Chama-lo ei: coma alcoólico de inspiração.
É um tanto perigoso, andar neste escuro embriagado,
Do escuro, do ar, de cor, eu me embriago.
Na taça que muitos bebem feito licor.
Tão rápido, tão - insensível -, mau sentem o sabor,
E o cheiro? não, não, não, não.
Estou caindo, cada vez mais fundo, dentro dessa perfuração,
Estrategicamente posicionada, para que tolos como eu,
Cai como uma pedra rolando nessa inclinação.
E lá vou eu, descendo sem conseguir parar...

O cheiro! Ah! O cheiro...
Dizem que um bom degustador de vinho,
Reconhece a qualidade da safra pelo cheiro.
Assim, consegue deduzir também de onde veio.
O cheiro! - E aqui que eu entro em colapso,
Em uma overdose dos sentidos traiçoeiros.
Pois sim, como se já não bastasse o estado que estou,
Vicio-me em seu perfume delicado, em seu jeito.

(Opa, opa, opa. Equilibra.. equilibra...)

Perguntam-me "Como pode senti-lo?"
Que pergunta mais tola, basta "sentir".
Compenetrar nesse encanto de deleite,
Voluptuoso!
E as vozes me dizem "A quilômetros de distância?"
Meus Deus! O poço sem fundo é tão longo assim?
Nem reparei no espaço, muito menos no tempo.
Parece-me que está ao meu lado, parece-me...

(Oh não! A consciência está abaixando, está afundando...)

Parece que está ao meu redor, que está em tudo.
Principalmente em mim.

"Coma Inspirancólico."

Está escuro, muito escuro. Ainda não cheguei na China?
Na China das ideias, dos pensamentos.
Pensamentos! Onde vocês estão? Cade vocês?
Eles se foram, e eu ainda não os encontrei.
Neste ritmo, irei ao centro da terra.
Ó, Alice! Tu me compreendes, não é?
A toca do coelho só é impressionante lá dentro.
Besta fui eu, de ser curioso. De cair nessa marca.
Uma simples e incrível marca.

Quando irei parar? Desço e desço nesse breu.
Quem cavou tão fundo assim?
Foi você. Fui eu.

A fragrância do vinho de sua taça,
Uma taça rosada, gentilmente pintada.
Realça e embarca nas telas de sua altura,
Elevam, embora ocultem, sua natureza.
Que por si só, venhamos e convenhamos, é perfeita.

Sinto novamente o aroma invadindo-me,
Entra eclodindo meu ser.
Entorpecendo tudo aqui dentro.
Seu aroma, meu. De quem é? Não me lembro.

As vozes dizem novamente "É só uma foto."
É só um cumprimento, e ninguém da bola.
Sortudo eles. Eu que mau vejo, se quer, esse efeito.
Deito-me; me enterro completamente nessa cova.

A morte pra mim, jamais foi tão bela, tão gostosa.
No suspiro da minha.. melhor, do meu coração.
No ultimo que antecede a glória, me lembro,
Que o frescor, o vento que te beijou,
Trás a mim, de alguma forma e sem hora,
O sabor de um vinho, do mel de uma rosa.

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