terça-feira, 16 de outubro de 2012

Primeiros Passos

Diário Ex-tímido: Série de artigos relacionados ao tema timidez.

Primeiros Passos

"Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses." – Sócrates

Você já se perguntou “Quem sou eu?”. Certamente, essa é uma questão que poucos conseguem responder, sem utilizar frases clichês. Por mais que tentemos nos definir, é inútil tentar agrupar tudo que pensamos e sentimos, tudo que somos, em míseras palavras. Pior do que se definir, é acreditar totalmente no que diz, sem dar margens a erros. Afinal, quantas vezes você já fez algo que disse que nunca iria fazer? Quantas vezes prometeu e não cumpriu? Quantas vezes se desafiou e o medo foi mais forte? Ou, quantas vezes o terror, que você considerava ter, era minúsculo diante de tal situação?

Acontece que, por mais que afirmemos “Eu sou assim e jamais vou mudar.”, isto não garante  que, daqui a um minuto, você desonre suas palavras. Não por falta de caráter ou personalidade, mas devido aos momentos, as circunstâncias. Ninguém pode prever, com exatidão, o que vai acontecer amanhã. A vida é imprevisível, e você também. Basta diminuir sua consciência(ficar bêbado, drogado ou sonolento) e você fará coisas que jamais pensou fazer, ter ideias que não imaginava. O que eu digo é, simplesmente, para lhe provar que você pode mudar, ainda que demande tempo. Mesmo que você diga “Eu nasci assim.”, isto não o impede de desenvolver o seu potencial.


As três fases da timidez
Podemos dividir a timidez, ou pessoa tímida, em três fases:
  • Inocente;
  • Vitima;    
  • Culpado; 


Bebê Inocente

O Inocente

É a pessoa que desconhece sua condição ou não aceita. Ninguém nunca falou para ele(a) sobre sua timidez, nunca apontaram isso. O indivíduo não se conhece, continua vivendo da maneira que lhe é e lhe convém. Muitas vezes, não nota os problemas e dificuldades que tem e que precisa superar. Para ele, ser assim é normal. Ainda que desconfie sobre seu comportamento diferente das demais pessoas de seu convívio. Se o seu círculo familiar ou social forem, também, de pessoas inibidas, ele não se sentira ameaçado, não refletira sobre sua condição, e, com isso, vivera no comodismo.  Percebendo toda sua ingenuidade  só mais pra frente, quando tiver que enfrentar “O Mundo Real”, podendo ter uma desilusão profunda. Pois, tecnicamente, ele chegara  até aqui tendo vivido uma ilusão, uma mentira.

Há também aqueles que ao perceber sua postura retraída, fingem não saber. Acreditam não estar incluso na lista de reservados, tentando mostrar aos outros,e para si, que eles não são quem aparentam ser.  Aqui confundem–se dois tipos de pessoas: aqueles que são tímidos, crendo que não são. E aqueles que tem vergonha em uma área específica - apresentação de trabalhos, relação familiar, social, ou amoroso; encaixando-se, somente, em um dos itens – e acham que são tímidos. A verdade, é que todo mundo tem um certo nível de timidez. Muitos se apresentam em casos isolados: com aquela pessoa que idolatramos, quando estamos sendo observados, ao atender o telefone; enfim, há uma infinidade de situações, e cada pessoa tem seu “calcanhar de aquiles”. Contudo, estes são considerados como uma “timidez saudável” para a sociedade, afinal, se ninguém tivesse um pingo de vergonha, veríamos um bando de situações inusitadas por aí.

Assim que estas duas personas(visão ou perspectiva voltada ao mundo externo, a adaptação social. Popularmente, seria “tentar se encaixar nos padrões sociais”. E, para os tímidos, soa como “Virar extrovertido, falador e beber.”.) voltarem a atenção para si, ou seja, assim que a pessoa parar de olhar somente para os outros e enxergar suas dificuldades, quando passar a se conhecer melhor, começa o descobrimento.

No descobrimento, o indivíduo torna-se observador. Iniciando o processo de autoconhecimento, analisando seu comportamento, vendo onde estão seus bloqueios, quais os seus limites e até onde ele consegue ir tranquilamente. Criando mais consciência sobre sua personalidade, sua timidez, e qual o grau dela. O quanto afeta seu cotidiano.

Depois que o tímido(a) adquire conhecimento de suas barreiras, atinge o estado de vítima.


Timíio Vitima

A Vítima

É o tímido(a) que levantou a “bandeira branca” de paz contra sua personalidade, seu inimigo. Conhece seus bloqueios, admiti quem, realmente, é. Entretanto, não dispõe de meios para superar seus medos. Acredita que não tem forças, coragem, ou qualquer outra coisa, capaz de enfrentar seus temores, seus monstros internos. Enquadrando-se no segundo parágrafo deste post, das pessoas que afirmam “Eu sou assim e jamais vou mudar.”, “Eu nasci assim.”, “Nunca que eu vou conversar naturalmente”, entre outras frases pessimistas, que consideram realistas.

Esta pessoa já aceita, em boa parte ou por completo, seu problema social. Pode se confundir entre um “tímido excessivo” ou “antissocial”. De tanto observar, ele pode adquirir inveja daquelas pessoas que convivem normalmente com as outras. Ou, enxergar o quão supérfluo são os relacionamentos de determinados grupos sociais, a hipocrisia, a falsidade alheia. Consequentemente, afastando-se mais dos outros, não querendo conhecer ou se relacionar com mais ninguém que não seja seu amigo(caso ele tenha amigos.). Excluindo-se cada vez mais, aumentando seus medos, podendo desenvolver a fobia social.

Utiliza desculpas demasiadamente, conversa pouco ou nada, quase não fala. A voz é baixa e sem projeção. A insegurança é alta, e se alguém questiona o seu comportamento, diz “Sou tímido(a)”, “Eu sou assim”. Isto, se disser. Pois, na maiorias dos casos, a pessoa não consegue dizer que tem um problema. Por mais que queira contar aos amigos ou parentes, não consegue. Para uma pessoa extrovertida mostrar uma fraqueza já é difícil, imagina para alguém retraído: o medo é gigantesco.

Se afundarem mais, beiram o precipício. Onde muitos tem ideias suicidas ou querem morrer, alguns chegam a cometer o ato. É a fase mais delicada e pessimista. Também é um divisor de águas. Passado esta fase, a pessoa se torna muito mais confiante, pulando para o próximo estágio.


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O Culpado

Por fim, o melhor dos estados e mais difícil de se alcançar plenamente: culpado. Aquele que condenou suas atitudes e toma providências para repara-las. Que enfrenta seus medos diariamente tentando supera-los. Que propõe desafios e provas a si mesmo, com intuito de se libertar cada vez mais. O julgamento foi feito e a decisão está tomada “Vou me libertar”. Aos poucos, adquirindo mais e mais confiança, lidando melhor com sua personalidade retraída. Até atingir a liberdade desejada.

Faz planejamentos e apostas consigo, recompensando-se  para manter o foco e não desistir. Possui perseverança. Aproveita o nervosismo para disparar contra seus medos. Ganhando uma enorme confiança em seu potencial.

Considerações Finais

Acredito que muitos passam pelos três, algumas pulam, e outras tem um pouco de cada um. No meu caso, eu pertencia aos "tímidos inocentes" até os quatorze(14) e quinze anos(15). Aos dezesseis(16), minha autoestima estava muito baixa, comecei a pensar em desistir da vida, não queria viver - não daquele jeito. Quando, enfim, decidi que eu tinha que "ir a luta". Era uma mistura do "tímido vitima" e "tímido culpado", em certas ocasiões, o "tímido inocente" também aparecia, isso foi aos dezessete(17) anos, porém, continuei no caminho. Aos dezoito(18) anos, o "tímido inocente" não existia mais, estava cada vez melhor e confiante. Com dezenove(19), não havia mais o estado de vitima, restando apenas o ultimo. Aos vinte(20) alcançando o estado de liberdade que queria.

Como pode ver, autoconhecimento é fundamental. Aprender sobre você, estudar o seu problema, buscar informações com relação ao psicológico, a mente. O porquê das emoções, como funciona a sua dificuldade por “dentro”. Torna-o mais consciente e preparado para as batalhas a seguir. Educar e controlar seus pensamentos e suas ações exige esforço, muito esforço, mas a recompensa é imensurável. Ver a luz do sol depois de anos dentro de uma caverna fria, úmida e cumprida, não tem preço.

“A liberdade não está lá fora, está na mente.”


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